quinta-feira, 25 de junho de 2009

Grande Paixão:



O que faço se me deparo com ela, novamente?
No passado: jogaria tudo para o alto, me atiraria de cabeça, degustaria do fruto proibido, me embebedaria do néctar. Acabaria deitada em uma cama completamente enrolada por lençóis pecaminosos.

'Mas dessa vez vai ser melhor', cita um grande mestre desconhecido para vocês, mas que sinto o conhecer como a palma de minha mão.

Nada de paixão desenfreada, nada de beijos acalentadores e, muito menos, nada de sexo. Nada de nada! Vamos voltar àqueles tempos; vamos namorar no portão ou assistir ao noticiário ao lado dos pais; vamos pôr regras e limites, ser castos.
Esqueça meu beijo, meu corpo, meu sexo. Lembre-se de meu rosto, meu gosto, meu jeito. Vamos, fale comigo!

'Daquela vez foi bem melhor', cita o, agora, ex-grande mestre.

E a grande paixão vira banalização. Seja bem vindo a mais doce ilusão: O amor!

terça-feira, 16 de junho de 2009

A Lenda do Ceifador.


Há morte todos os dias, em qualquer situação. Todavia, nada mais choca o mundo.
Onde foram parar os valores e as tradições de antigamente? A paz e o senso de humanidade? Pare!, e pense: Toda hora há alguém morrendo próximo a você, todos os segundos são feitos do sabor da morte... Onde está o sofrimento, o choque e o frio? Será que a sociedade ficou imune a tais sentimentos? Será que após agüentar tanta crueldade nada mais importa? Não há escrúpulos? Vergonha? Sanidade? Quem dirá piedade?

Já tentou imaginar como é a morte? Sentir suas vibrações? Olhar para o nada e ter a sensação que seus olhos estão travados, apagados e vazios? Não há como saber. Eles levam o segredo ao túmulo. Mas pensemos que a sensação de 'passar desta para uma bem melhor' é traumatizante. Sentir o frio dominar seus membros, sua pulsação sumindo e, por fim, a sufocação. Não sentiu nada? Nem mesmo uma agonia? Pois se menciono sobre céu e inferno? Se digo que realmente tais lugares existem e que o destino da humanidade é arder lá embaixo? Nem ao menos um pouquinho de medo?

Somos insensíveis. O mundo está feito de pessoas assim. Perdemos a capacidade da emoção. Não temos vontade de lutar e de ter coragem para enfrentar obstáculos. Sempre recorremos ao vazio, aos truques. Não temos nada, não sentimos nada...

... Só há um vácuo, um buraco negro enorme dentro das almas.


segunda-feira, 15 de junho de 2009

Algumas casas, pessoas... Meus retratos.


O passar do tempo é sinônimo de recordação. Anos, horas, minutos, segundos... Estamos em constante interação com os seres, até mesmo os inanimados. É impressionante a angustia e agonia que se sente ao perder um simples material, mas que tem a força de um amuleto. Agora, o que se sente quando se perde um ser vivo?

A dilaceração ocorre. O corpo dói, a mente trava. A significância daquela companhia, dos seus abraços, dos seus carinhos, dos risos ininterruptos. Para onde tudo vai?

Não, não exatamente houve uma perda. Mas apenas a prévia disso faz a vida parecer uma fadiga.

Em um certo momento, duas amigas conversaram. Expuseram sentimentos. A primeira falou: 'Me sinto mal por tê-la perdido. Algo dentro de mim se quebrou e, simplesmente, não sei como reconstri-lo'. A segunda pensou e pensou, a situação era bastante delicada, mas sabia que devia isso à outra: 'Você precisa seguir em frente'.

Todos devem seguir em frente, não escutar o que dizem - sejam críticas boas ou ruins -, precisam se acostumar com a partida iminente, pois, os seres humanos, fazem do mundo como pontos turísticos. Cada um é um ponto, e assim várias pessoas entram e saem. Umas amam, outras sentem repulsa...

... Mas no final, todas vão embora. Pois, no final do dia, a porta se fecha.

E, apesar de existir aquelas que voltam para contar mágoas ou alegrias, é algo esporádico. Mas continua-se lá, abrindo e fechando todo santo dia. Lutando para permanecer e crescer naquele mundo. Por eles mesmos, para eles mesmos. Não importa quem passou ou quem deixou de passar. A saudade fica guardada no sub inconsciente.

Os seres humanos, nós, merecem a felicidade. A VIDA. ♥

sábado, 13 de junho de 2009

Problemas.



Eis que:

Estava só, trancafiada em casa.
A chuva corria solta lá fora, me aprisionando. Não havia ações ou diálogos, nem mesmo palavras desprovidas de nexo. Estava só, sem (...)

O silêncio afligia-me. As gotas soavam como facadas, já os trovões eram as balas. O vento, fantasmagórico, gritava "MEDO"!
E eu estava dominada pela angústia infinita.

Então, por um longo período, refleti que o meu "eu" não existira.
Não fora ninguém.

Não houvera meus passos atrás, nem minha forma definida.
A minha personalidade sempre estará lacrada.
Meu orgulho fora duvidoso, mesclado à estima, que fora afogada.

Meus sentimentos não passaram de vidros jogados ao relento...
Rasgando minha palma, sem digitais.
Sim, eu sempre fui "eu", mas este nunca pertencera ao mundo.

Confusa e entorpecida, eu escuto vagamente, como um sussurro:

"Então eu vou sozinho a caminhar e sem destino eu vou tentando te encontrar pra te dizer que eu preciso me achar pra viver... sem me perder. O mundo não é mais o meu..."

Desespero-me, mas não consigo me encontrar.
Sinto-me impotente, pois não consigo me achar.
Arrasto-me, ando e corro, todavia não posso me alcançar.

E por detrás de meu sufoco, somente consigo escutar o sussurro me perguntar: “Quer viver em vão?”

Começo a gritar "NÃO!".
Porém o alto grito é mudo. O soluço choroso é abafado. E a chuva é como um fardo. Mas o sussurro continua ecoando em minha mente.

PLAF!

Caio, assim como a chuva, numa rua deserta e alagada.
Choro, assim como a nuvem, numa depressão amarga.
Sufoco, assim como a estrela, numa derrota apagada.

Não me deixam desaparecer, e o sussurro soa cada vez mais forte.

Ergo minha cabeça à chuva.
Abro meus olhos à escuridão.
Levanto-me à vida.
Caminho ao teu encontro.

E só consigo pensar:

Ainda me amam?
Ainda me querem?
Ainda me aceitam?
...
Ainda continuo viva?

E... “Eis que:
Estava só, trancafiada em casa.
A chuva corria solta lá fora, me aprisionando. Não havia ações ou diálogos, nem mesmo palavras desprovidas de nexo. Estava só, sem...” você, sem ninguém.